Contos que me contaram.

Era uma tarde de verão, e mais uma vez Matilde decidiu falar com a sua amiga Raquel do quanto amava o seu mais que tudo, o Filipe. Repetia vezes sem conta como tudo começara e a sorte que tinha em tê-lo na sua vida. E sim era verdade. Mas quando a conversa desvaneceu, veio-lhes à cabeça o que as duas sabiam. No coração de Matilde ainda morava num cantinho bem escondido um amor perdido dos seus tempos de menina. "E tu Raquel, como tens andado?" - perguntou Matilde fingindo não saber a resposta. "Bem... mas já sabes que há coisas que não consigo esquecer.". A Raquel falava do Rodrigo. Um Rodrigo do passado, um Rodrigo que a fazia suspirar.
-"Sabes o que a Margarida me disse?" - retorquiu a Raquel.
-"O quê?" - questionou a Matilde.
-"Disse que o que a deixava mais triste, era pensar que o homem que ela mais amou não é o pai dos seus filhos."
E suspiraram novamente.
Dizem as más línguas que o Filipe, no momento de fechar os olhos vê a imagem de outra mulher que não a Matilde. "Mas será que ele ama de verdade a Matilde?" - questionam os mais românticos. Sim ama. E seria incapaz de a magoar, mas também tem direito aos seus pensamentos mais secretos.
Será que o Rodrigo romantiza com a Raquel nos momentos em que decide pôr a cabeça a voar? Provavelmente não. Ou sim, quem pode afirmar o que vai na cabeça de alguém?
O segredo de Matilde, também deve estar algures neste mundo gigantesco abraçado a uma bela mulher fazendo lindas juras de amor, que as haverá de cumprir de alguma forma. Mas no momento em que se sente desarmado longe de olhares que o possam decifrar lá lhe vem à lembrança aquela menina que ele gostou, que novamente da forma mais descarada e provável da vida, não será a Matilde.
E assim se conta uma linda história da vida real, que pode ser tão ou mais bonita que um belo romance standard. Apenas dependerá da forma como o interpretamos e da forma que a vida nos foi ensinando como ela tem tanto de mágica como rebuscada.

Agora me despeço.

Coelha*

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