A Maresia das Sensações


Viviam para a aventura, e nada poderia mudar isso. Juntos sentiam-se capazes de alcançar tudo, até mesmo o impossível.
Eram jovens, e com os sonhos demasiadamente à flor da pele. Tudo parecia perfeito, e sentiam-se irrefutavelmente abençoados.
Eram capazes de tudo, e o céu não era de todo o limite. Havia sempre mais… E cada aventura, os tornava mais próximos e verdadeiramente mais cúmplices.
Faziam planos para o futuro, e tudo parecia demasiado perfeito, para porem em causa, a concretização dos mesmos planos.
O futuro estava muito longe, e isso era óptimo, porque significava, que ainda havia muito por viver, descobrir e fazer. Não se cansavam um do outro, porque tudo era demasiado aliciante e saboroso, para poder vir a ser possível tal coisa. Pelo menos pensavam assim… E acreditavam! E sem dúvida, que acreditar, fazia toda a diferença, na dose extra de felicidade, que esta simples palavra, provocava no quotidiano de dois adolescentes esperançosos.

- Traz uma toalha e guardanapos! – Disse-lhe o rapaz moreno, dono do seu coração.


Havia sempre uma nova aventura. Era bom ser criança, e fazer tudo sem medo de julgamentos, ou achegas de bom senso. Era bom viver a vida, daquela forma tão simples e ao mesmo tempo tão especial.
Beijavam-se apaixonadamente, abraçavam-se e brincavam como crianças, que nunca deixaram de ser. Ela não fazia questão de deixar, porque era assim que vivia plenamente.
Era bom sentir aquele, que parecia ser feito do mesmo que ela. Completavam-se, e precisavam um do outro, para seguir em frente.

- Trouxeste o que te pedi? – Reclamou ele sorridente.


Claro que tinha levado tudo. Já suspeitava o que viria dali para a frente, mas concerteza que o destino seria diferente. Porque o rapaz moreno, o dono do seu coração, não se contentava com o já adquirido. Queria ser diferente, e fazê-la sentir-se diferente e especial.
A verdade, é que sem ele saber muito bem como, fazia-a sentir-se uma princesa, no seu reino improvisado.
Compraram umas porcarias, para enganar o bom gosto dos seus estômagos esfomeados, e fizeram um piquenique no meio de um jardim. Passava imensa gente, enquanto eles devoravam o manjar dos apaixonados.
Ela adorava a aventura, mas ao mesmo tempo, havia sempre alguma coisa, que a deixava renitente, mas ele desde logo se incumbia de a deixar à vontade sem pensar em maneiras, ou o que restavam delas.
O momento, esse, era importante demais, para ser quebrado, com regras fantoche, criadas por quem decidiu, fazer algo que complicasse um pouco a vida do inteligente ser humano, que tinha que ser obrigatoriamente, diferente de todos os animais que habitavam a terra.

- Ainda é cedo, vamos até à praia? – Propôs ele novamente.


A noite teimava em ganhar terreno à luz solar, e fazia-se sentir de uma forma galopante. Sentaram-se no areal, quando já era noite cerrada. Cerrada, mesmo para os distraídos, que teimavam em não saber distinguir, o dia da noite.
Estenderam as toalhas de praia no areal, e sentaram-se a ver o mar. Abraçaram-se, como se o contacto entre os dois, fosse uma questão instantânea e inevitável, senão mesmo necessária.
Ele beijou-lhe os cabelos doirados, e disse-lhe ao ouvido o quanto a amava, sem medo de nada que viesse dali para a frente.
Ouvir as suas palavras, faziam-na sentir cada vez mais segura, do quanto era importante aquele sentimento, que os uniu, e que ela achava impossível, um dia vir a separá-los.
Beijaram-se como sempre. Com o carinho constante de um primeiro beijo, e a paixão e saudade de um último beijo.
Eram jovens, e viviam um para o outro, sem responsabilidades de maior, e sem a dúvida de que o corpo de um, vivia para o corpo do outro.
Havia, uma necessidade constante, de se sentirem. Mais e mais… Não havia cansaço, problemas ou pouca disposição. Fazerem amor, era como uma oração necessária, para revitalizarem os corpos e acalmarem a paixão, que os deixava com a cabeça dormente, de tantos sobressaltos.
As mãos dele foram invadindo as suas costas, e como num toque de magia, tirou-lhe a tshir-t.
Ela puxava-o para si, com mais vontade, e com a certeza, que queria fazer mais uma vez amor com ele. Mais uma, e todas as vezes que a vida lhe permitisse. Só queria sentir aquele que tanto a conhecia, e que tanto a estimava. Como nunca achara ser possível.
Enrolaram-se na areia, com a paixão a comandar os corpos jovens as viris, que faziam de tudo, para se satisfazerem e dar prazer um ao outro.
Fizeram amor naquele areal, e ficaram a olhar as estrelas, a dar graças aos céus por existirem, para poderem sentir tamanha felicidade e tamanha realização.
Não poderia existir, nada no mundo, tão perfeito como momentos como aqueles. Ambos sentiam isso, e era para eles, uma realidade irrefutável.
Era bom amar e ser amado. Ainda mais quando era um amor adolescente e inocente, que não os restringia nem lhes proporcionava limites.

- Vamos para casa? – Disse-lhe ela com a expressão mais satisfatória do planeta.
- Sim. Tenho de te deixar em casa, e ir a correr para não perder a camioneta.
- Até amanhã meu amor. Liga-me sim? Eu amo-te!
- E eu amo-te a ti, princesa!

Era o momento de chegar a casa, e dar explicações à mãe, de por onde tinha andado, e de arranjar uma boa desculpa, para o montão de areia que se tinha alojado na sua roupa.
Depois desta, quase simples, missão cumprida, dava inicio ao seu banho demorado, que ajudava-a a fixar as memórias todas na sua cabeça, e no seu coração jovem.
Entrava na cama feliz, e com vontade que o tempo passasse rápido até ao próximo encontro.
Sentia-se realizada, e nem sabia bem porquê. Mas tinha a certeza, que o seu namorado, o rapaz moreno de olhos esverdeados, estava sem dúvida na origem de tamanha realização.




Era domingo e Maria não queria de todo pensar nos problemas. Mas começar a resolvê-los, e começar também, a combater as suas dúvidas e manias do século passado.
Fez todo o seu ritual feminino, e dirigiu-se à casa da mãe, para o almoço típico domingueiro, que já vinha dos tempos, em que ainda nem noção tinha, de que era gente.
A sua mãe de feitio rabugento, era a pessoa que mais tinha apreço na vida. Nos seus tempos de rebeldia, chocava imenso com a sua progenitora, devido ao seu jeito de menina dona da palavra.
Mas a vida fez-lhe ver com clareza, que não valia a pena, perder tempo, com as discussões típicas, entre mãe e filha. Com a sabedoria, aprendeu, a rir-se de toda a rabugice da sua mãe, que apesar de ser uma pessoa pouco acessível, sempre a ajudou e lhe cedeu o seu ombro, para Maria poder chorar as suas mágoas.
Quando a mãe lhe abriu a porta, e ela subiu as escadas, e como era de esperar, não encontrou a mãe, de braços abertos, para a abraçar. Ela já sabia que o seu jeitinho difícil, não lhe permitia tal gesto, tão gentil. Mas sabia de fonte segura, que estava ansiosa para recebê-la, apesar de à primeira vista, não o parecer. Mas isso é que a tornava realizada, por cada vez, que travava contacto com ela.

(Continuação)

P.S: Se quiserem ler as partes anteriores, só basta clicarem em cima, onde diz A Maresia das Sensações a verde... E vão ter acesso.

Histeria só minha


Coelha*

1 Não reclamas?:

Margarida Lozano disse...
16 de abril de 2010 às 19:16

Estou a gostar de ler esta história... Já me deixas-te ansiosa para ler o próximo ;)

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