
Não me perguntem porquê, mas a verdade é que gosto de observar os outros.
Não propriamente observar a roupa, o penteado, as unhas ou o calçado (ok, às vezes também acontece), mas sim para tentar imaginar o que pensam e o que será que as preocupa.
Hoje dediquei-me às mulheres, visto que nesta cidade homens que é bom, nem vê-los. E vi, que todas as que viajavam na mesma carruagem que eu, tinham algo em comum – os phones nos ouvidos.
E sim, eu também trazia os meus. É o meu acessório imprescindível.
A partir daí, comecei o meu exercício de aspirante a adivinha, e pelas expressões faciais tirei várias conclusões.
Ora eu sendo mulher, e convivendo com várias mulheres, sendo muitas das quais minhas amigas (que me falam da vida sem problemas), sei em primeira mão, que nós mulheres, passamos demasiado tempo a pensar em homens.
Siiim admito que é quando não temos nada para fazer, mas isto acontece sem pensarmos muito nisso.
As mulheres que viajavam comigo, tinham idades compreendidas entre os 16 e 25 anos (suponho como é claro), e todas exibiam expressões diferentes.
-> Uma ia a ouvir uma música, e sorria como uma parva. De um em um minuto suspirava…
Pensei logo: “Coitada filha, estás apaixonada! Nem sabes no que te metes…”
-> Outra ia com a lágrima no canto do olho, e ia aparando-a com o indicador para que ninguém percebesse. Mas a Inspectora Coelha percebeu!
Pensei logo: “Oh miúda, ou já levas-te com um par de cornos ou então o moiro não te corresponde!”
E por último, havia uma rapariga que ouvia a música e batia furiosamente com o pé.
Pensei logo: “Se o assunto é homens, é porque o gajo já não te responde às mensagens a umas boas horas e já deves estar a magicar no que deve estar a fazer. Ou então… A discussão foi feia!”.
Quando dei por mim, estava-me a rir sozinha. E então fiz a retrospectiva:
- Quando comecei a avaliação, estava com um olhar sério a olhar para elas, porque estava a tirar os meus apontamentos mentais;
- Depois devo ter ficado com cara de parva a olhar para o nada, quando tirava as minhas conclusões;
- E por fim, comecei-me a rir sozinha como uma atrasada mental.
Ora se as outras três também me estavam a avaliar (segundo a minha teoria), também deviam pensar que eu sofria imenso de amor, mas devido ao riso final, devem ter pensado “Esta gaja é rija! Já lhe passou a dor, já deve estar pronta para outro!”.
Pondo-se isto… Acho que teorias não são mesmo comigo.
Histeria do pensar na parvalheira
Coelha*